sexta-feira, 21 de setembro de 2012

VIDA E AMEAÇAS DO FAZ DE CONTA QUE FAZ



Liliana Peixinho*

                                  Derrubada de árvores centenárias, em Itaparica
Nos últimos 25, 30 anos, a mídia, de forma geral, tem pautado os problemas ambientais com muita frequencia, inclusive com suítes. No entanto, o caráter alarmista, sensacionalista e catastrófico tem superado o compromisso com informações preventivas, educativas, construtora de um novo modo de viver, diante dos desafios impostos pelas mudanças e adaptações necessárias a preservação da Vida, num planeta em  mutação radical.

Sustentabilidade é um termo desgastado, banalizado, que perdeu sentido, através da própria mídia. Preservar, resgatar, reconhecer e promover a Vida, em qualquer ambiente, requer compromisso com um modelo de desenvolvimento que não seja “ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto”, como descreveu a ONU durante a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). 

Quase 30 anos depois não observamos mudanças significativas para substituição desse modelo, ainda baseado numa Economia concentradora de renda, excludente de oportunidades para povos e comunidades tradicionais como indígenas, quilombolas, pescadores, artesãos, agricultores familiares e marisqueiras, culturas de base da identidade do povo brasileiro.

Essa diversidade sociocultural é fato, e bem capitalizada politicamente, com visibilidade internacional. Mas a riqueza sociocultbiodiversa que encanta, seduz e gera divisas, tem paradoxos múltiplos também. A multiplicidade de comportamentos, línguas, etnias, saberes e modos de vida presentes na singularidade multicultural brasileira, apesar do reconhecimento legal em fevereiro de 2007, com a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, parece não ter se efetivado, de fato, junto aos povos que a sustentam, resistem, sofrem e morrem para manter as tradições. 
È só observar como vivem alguns povos, territórios, comunidades, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, em zonas rurais e até nos grandes centros e cinturões urbanos de grande concentração de miséria, para constatar que a foto do marketing cultural vazio não cai bem com a realidade local, nativa.

O que podemos fazer, presumo, é aprofundar é o papel da mídia especializada em comunicação e sustentabilidade, para perceber como a informação está sendo tratada num contexto de transversalidade. E qual é mesmo o papel do jornalismo ambiental, se assim podermos conceituar e, qual a contribuição, como divulgador de informações, junto às pautas ambientais importantes para a adoção real de mudanças de comportamentos, no cotidiano.? E, mais ainda, como inserimos as comunidades tradicionais como base histórica da sociedade brasileira, no  compromisso de preservação da vida, em ambientes ameaçados.

Liliana Peixinho* - Jornalista, ativista socioambiental, especializada em Mídia e Sustentabilidade, Jornalismo Científico e Tecnológico, MBA em Turismo e Hotelaria. Autora do ebook " Olhar Transversal sobre Mídias Colaborativas". Fundadora dos Movimentos Livres AMA e RAMA www.amigodomeioambiente.com.br