quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Obama reeleito por minorias


Reeleito pelas minorias ( negro, mulher, latino, homossexual, asiático...) Obama tem agora, o desafio de corresponder as expectativas de melhorar a vida de povos de onde ele se originou! Vejo isso como estímulo, impulso, mais desejo ainda para lutar. Dificil será ver os Republicanos fazendo o caminho inverso!
Não subestime ninguém hoje. Amanhã essa mesma pessoas poderá ser o homem mais poderoso do mundo.
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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

VIDA E AMEAÇAS DO FAZ DE CONTA QUE FAZ



Liliana Peixinho*

                                  Derrubada de árvores centenárias, em Itaparica
Nos últimos 25, 30 anos, a mídia, de forma geral, tem pautado os problemas ambientais com muita frequencia, inclusive com suítes. No entanto, o caráter alarmista, sensacionalista e catastrófico tem superado o compromisso com informações preventivas, educativas, construtora de um novo modo de viver, diante dos desafios impostos pelas mudanças e adaptações necessárias a preservação da Vida, num planeta em  mutação radical.

Sustentabilidade é um termo desgastado, banalizado, que perdeu sentido, através da própria mídia. Preservar, resgatar, reconhecer e promover a Vida, em qualquer ambiente, requer compromisso com um modelo de desenvolvimento que não seja “ecologicamente predatório, socialmente perverso e politicamente injusto”, como descreveu a ONU durante a Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). 

Quase 30 anos depois não observamos mudanças significativas para substituição desse modelo, ainda baseado numa Economia concentradora de renda, excludente de oportunidades para povos e comunidades tradicionais como indígenas, quilombolas, pescadores, artesãos, agricultores familiares e marisqueiras, culturas de base da identidade do povo brasileiro.

Essa diversidade sociocultural é fato, e bem capitalizada politicamente, com visibilidade internacional. Mas a riqueza sociocultbiodiversa que encanta, seduz e gera divisas, tem paradoxos múltiplos também. A multiplicidade de comportamentos, línguas, etnias, saberes e modos de vida presentes na singularidade multicultural brasileira, apesar do reconhecimento legal em fevereiro de 2007, com a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável de Povos e Comunidades Tradicionais, parece não ter se efetivado, de fato, junto aos povos que a sustentam, resistem, sofrem e morrem para manter as tradições. 
È só observar como vivem alguns povos, territórios, comunidades, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, em zonas rurais e até nos grandes centros e cinturões urbanos de grande concentração de miséria, para constatar que a foto do marketing cultural vazio não cai bem com a realidade local, nativa.

O que podemos fazer, presumo, é aprofundar é o papel da mídia especializada em comunicação e sustentabilidade, para perceber como a informação está sendo tratada num contexto de transversalidade. E qual é mesmo o papel do jornalismo ambiental, se assim podermos conceituar e, qual a contribuição, como divulgador de informações, junto às pautas ambientais importantes para a adoção real de mudanças de comportamentos, no cotidiano.? E, mais ainda, como inserimos as comunidades tradicionais como base histórica da sociedade brasileira, no  compromisso de preservação da vida, em ambientes ameaçados.

Liliana Peixinho* - Jornalista, ativista socioambiental, especializada em Mídia e Sustentabilidade, Jornalismo Científico e Tecnológico, MBA em Turismo e Hotelaria. Autora do ebook " Olhar Transversal sobre Mídias Colaborativas". Fundadora dos Movimentos Livres AMA e RAMA www.amigodomeioambiente.com.br

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Quintais harmônicos

Dona Iracema adora comer sentadinha no banquinho, na sombra do Jasmineiro, em seu quintal, lá na roça dos Peixinhos. Quiabo, beringela, cenoura, batata, couveflor, abóbora, pirão de galinha caipira e arroz quebradinho cozido em papa. Mesmo sem dentes dona Irá come tudinho e tem força de guerreira para pegar a vassoura pra varrer o terreiro e molhar planta por planta.



Depois que as galinhas ciscam e ciscam, dona Irá só varre porque adora uma vasssoura. Mas nem precisava porque as pintadinhas, neguinhas e galeguinhas fazem um trabalho primoroso, de dá gosto. Mas seu Peixinho só come os frangos, as galinhas eles deixam pra ciscar e ciscar, botar ovo, chocar e fazer nascer novos pintinhos.

A

As galinhas da roça de dona Iracema comem sobras de frutas, restinhos de arroz, feijão,raspas de fundo de panela, sobrinhas diversas, vindas da cozinha. Mas o velho Peixinho não deixa o ritual de todo dia cedinho, quando as vacas estão no curral, desmamando, ele pega punhados de milho moidinho e salpica no chão, onde elas ciscam e ciscam o dia inteiro, ajudando dona Irá a limpar o quintal.


Essa luz ai vem dos primeiros raios de sol da roça dos Peixinho. A gente levanta ainda madrugada, pra fazer o café dos boiadeiros que pegam as vacas antes dos primeiros muuússs, pra tirar o leite que o véi Peixinho adora tomar com café e pão de cesto, pra depois pegar o cachimbo e andar pelo pasto, pra ver as cercas quebradas, catar os ovos, pegar ração de algaroba,já que as emas,que adora comer essas bagens,foram comidas sabe-se lá por que bicho!! Uma tristeza não ver mais as emas na beira da várzea de água salobra, procurando algarobas. Gostava tanto de ver essa cena que um dia descir morro, subi morro e fui lá beira, pra ver elas e encontrei uma cobra em meu caminho. Ohei, parei, passei e ela ficou ali, quietinha, esperando eu passar, educada que nem só. Mas, que deu medo, deu! Tive respeito por ela e ela por mim, Ai aprendi como lidar com uma cobra no meio do seu caminho.


Dona Irá não perde a oportunidade de numa visita a uma amiga, dar uma andada no quintal e sempre ganha um galhinho de alguma planta que logo planta, para esverdear sua moradia. Olha aí o sorriso de dona irá depois que ganhou o presente da família de Josa, camarada de fé e coragem que ajuda o velho Peixinho no roçado.


Olha aí a família do Josa, todo feliz, com o irmãos e sobrinhos. Nesse dia o Josa levou a gente pra conhecer as músicas de seu irmão, cantor dos bons. Essa casa ai de varanda verde foi construida com o talento musical e de coragem da família, Dona Irá gostou tanto que até dançou com a mão na cintura. O nome da cidade é Jaguarari e fica a uns 30 quilômetros da roça dos Peixinho.

Na despedida, finalzinho da tarde, dona Irá e a família do Josa prometeu ir ver dona Irá na roça e mandou um abraço por véi Peixinho, seu César e todo mundo, além de fazer questão de levar um dvd das músicas que ouvimos a tarde toda, comendo cachorro quente de carne moída com pimentão, tomate, coentro e cebolinha, colhidos no quintal do irmão do Josa. Fizemos um molho pra se lambar e lamber dedinhos na boca. Os pão, de cesto, foi feito em forno de lenha morta e sem fermento. De tão gostoso, não resistimos em tirar umas umas lascadas pra ir comendo, purinho, no caminho da padaria até a casa.Êta tarde boa. Dona Irá deve tá com saudade, devo e quero voltar logo, pra lá, e fazer outras visitas dessas boas.
Os meninos de seu Cesar são guerreiros de roças e adoram descobrir ninhos, gatinhos e outros bichinhos. Eles ficam meio sem graça, pela timidez e discrição, mas acabam gostando de pousar sempre abraçados e sorrindo, pra pra foto ficar assim, cheia de amor e felicidade.
Essas cadeiras ai que eles tão sentado são tão velhas e fortes como as pedras do fundo da parede. Meu pai sempre foi assim, só gosta de coisa que dura muito tempo. A cama que ganhei de meu pai, pra o apertamento que moro em Salvador, tem 24 anos e continua a mesma coisa. Foi feita de encomenda, com tamanho personalizado, não é solteiro, nem casado, é solteirão. Mas cabe uma família inteira, no aconchego dos laços de saudades da infância.
Acordamos todos muito cedinho na roça da família da Lea, mulher de meu irmão Rene, Era aniversário de minha mãe e a gente ira fazer uma festa daquelas, de matar um boi. Que depois de abatido pude ver cada parte, do chifre aos bofes, sendo 100 por cento aproveitado. Que ritual cuidadoso, meticoloso. O corte certo em cada junta, em cada tecido. Gosto de carne, todas elas. Como gosto de folhas, flores e frutos, todos eles, A família de Léa tem tradição em churrascos de bode, de boi e sabe fazer a melhor carne de sol que já ví preparar, com sal alho, pimenta do reino e varal, ao sol e frio, para estender e deixar curar. Fica bem molinha e quase derrete na boca. Fui premiada com a picanha, que tem uma, ou é duas, em casa boi, e pesa cerca de um quilo. Mas, mereci porque trabalhei ai, olhe a foto, desde o amanhecer, cedinho, antes das 5 da manhã, até o gerador de energia se apagar, por volta das 21 horas, quando todos dormem,



Depois de levar as cabras e os bodes pra tomar àgua nos tanques naturais, quando ainda tem água de chuva, é hora de trazer de volta pro curral,e ver chifres,cores,tamanhos e ouvir bebebés, fracos e fortes. Trabalho que dona Irá encara como um belo passeio, principalmente se for ao lado de gente que ela ama, como a norinha ai de verde, feliz com a visita do maridão e dos filhos à roça da mãe e do pai de Lea, lá pelo lado das Andorinhas. Eita passeio bom heim Irázinha!! Me chama de novo que vou, minha mãe.
Bichos até tem, pavão, galinha, bode, tudo misturado e criado com teimosia e cuidado de quem gosta e precisa, mas sofre com a falta d'água na maior parte do ano. Mas, quem tem coragem e fé parece fazer milagre com tanta coisa bonita num lugar inóspito, sem verde, sem água. A casa é simples, bem dividida e cuidada.Cabe famílias e famílias que vão chegando, porque sabem que os filhos dos donos da casa vão chegar, de longe, depois de tempo. Dura um fim de semana, mas se eterniza pra sempre nas memórias, principalmente das crianças, que correm solta e livres, como gosta a vida.